Professor conquista Prêmio de Tese Inovadora da Associação de Brasilianistas na Europa
O professor da Faculdade de Ciências Humanas (Fach) e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Guilherme Passamani, venceu o prêmio de melhor tese europeia sobre o Brasil na categoria Ciências Sociais da Associação de Brasilianistas na Europa (Abre). A conquista reconhece a excelência da pesquisa de doutorado intitulada Escorts – Uma etnografia com homens brasileiros que fazem trabalho sexual em Portugal, defendida em outubro de 2024, no Instituto Universitário de Lisboa em associação com a Universidade Nova de Lisboa.
O Prêmio Abre tem como objetivo principal estimular a pesquisa e o conhecimento sobre o Brasil no continente europeu, além de divulgar trabalhos acadêmicos de alta qualidade. “Eu fui lido e avaliado por professores da área de Ciências Sociais e acho que tem aqui uma coisa muito importante, que é eu ter concorrido com universidades consagradas da Europa, como as francesas, gente da Alemanha, etc. Nós fomos sete semifinalistas, depois quatro finalistas e eu acabei vencendo. Acho que isso é importante para a antropologia não só de Portugal, da Península Ibérica, que é uma região mais periférica da Europa, mas também para antropologia que se faz no Brasil, especialmente em Mato Grosso do Sul, porque foi daqui que tudo saiu”, ressaltou o professor premiado.
A pesquisa, orientada pelo professor Miguel Vale de Almeida, é resultado do seu segundo curso de doutorado e problematiza o trabalho sexual de homens brasileiros que se conectam em um fluxo migratório com a Europa, abordando aspectos sociais, culturais e econômicos dessa realidade. “[Eles] chegam à Portugal, transitam pela Europa e voltam para o Brasil depois de um certo tempo para investir o dinheiro do trabalho sexual em outras áreas, em uma espécie de vida pós trabalho sexual, mas muitas questões apareceram, sobretudo, a relação com a saúde e estratégias de prevenção às diferentes Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), o consumo de drogas, a gestão do risco no âmbito do trabalho sexual”, esclarece Passamani. O estudo destacou-se pela originalidade e pelo rigor metodológico da tese.
Para o professor, a premiação eleva o nome da Instituição no cenário acadêmico internacional e reforça a qualidade de corpo docente e das pesquisas desenvolvidas. “Ganhar um prêmio para quem está em uma Universidade que não está no centro do Brasil, digamos no eixo Rio-São Paulo, não está entre as principais capitais, uma Universidade mais nova, que está se consolidando, que está crescendo, que está em uma região de fronteira, eu acho que é muito importante esse tipo de reconhecimento, não só para nós, para mostrar que o que a gente faz é bem feito, tem qualidade, mas eu acho que também é muito importante pros nossos alunos”, acrescenta.
O prêmio inclui um valor de € 1,5 mil, destinado a auxiliar na publicação da tese. A cerimônia de entrega ocorreu durante o Congresso da Abre, em Salamanca, na Espanha, na quinta-feira, 18.
Destaque
Recentemente, o professor da Fach foi um dos 27 pesquisadores da UFMS contemplados na chamada do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para receberem Bolsas de Produtividade em Pesquisa.
“A minha pesquisa da Bolsa de Produtividade tem tudo a ver com a tese que ganhou prêmio, porque ela se desdobra da tese, na medida em que pega uma parte da minha reflexão, que era a questão sobre gestão do risco na saúde sexual, e eu desenvolvo isso para cidades não autorreferentes da fronteira do Brasil com a Bolívia, entre Mato Grosso do Sul e Acre”, explica. Neste novo projeto, o professor irá estudar a interiorização da profilaxia pré-exposição (PrEP) do HIV, entendendo o acesso, a oferta e a continuidade do tratamento por meio do Sistema Único de Saúde em cidades que atendem tanto brasileiros, quanto bolivianos, visto que o país vizinho é o único da América do Sul que não possui um protocolo nacional de PrEP.
Texto: Thalia Zortéa